Dúvidas endometriose

Os sintomas da endometriose podem sumir na menopausa?

Patrick Bellelishttps://www.instagram.com/dr.patrickbellelis/Médico Ginecologista
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Para minimizar os sintomas da menopausa, além de atividade física regular, dieta balanceada e controle de peso, é indicado a terapia de reposição hormonal (TRH). Saiba mais.

A endometriose é definida como a presença de tecido endometrial funcional fora da cavidade uterina e a menopausa é caracterizada pela falência ovariana com a diminuição da produção de estradiol pelos ovários. Desta forma, como a endometriose é uma doença dependente de estrogênio, ela tende a regredir após a menopausa visto que o estrogênio está diminuído nesta fase. Assim, a maioria das mulheres com endometriose relata um alívio dos sintomas relacionados à endometriose na menopausa.

No entanto, há relatos de casos ao longo dos anos de mulheres com endometriose pós-menopausa, ou seja, a endometriose pode afetar até 2,2% das mulheres na pós-menopausa, isso acontece pois também existe uma pequena produção de estrogênio pelo tecido adiposo. Além disto, existem trabalhos que mostram que, em alguns poucos casos, as próprias lesões de endometriose são capazes de produzir estrogênio e, desta forma, se autoalimentar.

Também é importante salientar que, tanto a recorrência da endometriose, quanto a transformação maligna dos focos endometrióticos podem ocorrer no período pós-menopausa. Por isso, é de suma importância que a mulher com histórico de endometriose ao longo da vida, deva manter um acompanhamento ginecológico periódico.

Tratamentos para a menopausa:

Em busca de minimizar os sintomas da menopausa, além de atividade física regular, dieta balanceada e controle de peso, o tratamento considerado padrão ouro para o tratamento dos sintomas da menopausa tem sido tradicionalmente a terapia de reposição hormonal (TRH), que consiste em repor hormônios, em especial o estrogênio que o ovário parou de produzir, a fim de melhorar a sintomatologia e a qualidade de vida dessas mulheres. Sabe-se que a terapia de reposição hormonal (TRH) é eficaz para os sintomas vasomotores, atrofia vulvovaginal e a prevenção da osteoporose e fraturas osteoporóticas decorrentes da falência ovariana, e que os benefícios superam os riscos para a maioria das mulheres sintomáticas dentro do período de 10 anos da pós-menopausa, período chamado de janela de oportunidade.

A TRH pode ser dividida em duas categorias principais, a terapêutica estrogênica isolada e a terapêutica estrogênica associado ao progestagênio, conhecida como terapêutica combinada. A terapia estrogênica isolada é empregada em mulheres histerectomizadas (sem útero). A adição do progestagênio para pacientes com útero é necessária para proteção endometrial, contrabalançando os efeitos proliferativos do estrogênio e diminuindo, dessa forma, os riscos de hiperplasia e câncer de endométrio.

Tratamento para a menopausa em mulheres com endometriose

Por tratar de uma doença estrogênio dependente, é seguro realizar terapia de reposição hormonal para mulheres com histórico de endometriose?

As evidências sugerem que sim, a TRH pode ser prescrita para mulheres sintomáticas com histórico de endometriose, incluindo as mulheres jovens com menopausa precoce. O cuidado especial com o uso da TRH nesse caso é sempre utilizar o estrogênio em associação com a progestagênio, mesmo se a mulher foi previamente histerectomizada.

As evidências não mostraram que a TRH combinada altere o risco de recorrência da endometriose ou favoreça sua transformação maligna, sendo assim seu uso é seguro nessas mulheres, desde que com acompanhamento médico periódico.

É inegável que a TRH melhora a qualidade de vida em mulheres pós-menopausa sintomáticas, às quais não se deve negar a terapia de reposição apenas devido ao histórico de endometriose.

Em caso de aparecimento de sintomas de endometriose (por exemplo: dor pélvica) na pós menopausa, em vigência de uso de TRH ou não, deve-se avaliar em conjunto com equipe médica a suspensão da TRH se for o caso, e realização de exames específicos.