O tratamento clínico da endometriose tem como principal objetivo o controle dos sintomas dolorosos relacionados à doença. Mas existem outras situações onde o tratamento clínico pode ser fundamental.

Como em toda doença que provoca dores intensas, o tratamento clínico da endometriose visa prioritariamente melhorar estes sintomas. No entanto, em algumas situações o objetivo é o controle do crescimento das lesões, dependendo das características específicas de cada caso. Após a cirurgia, o tratamento clínico pode estar indicado para prevenção secundária da doença, ou seja, evitar o retorno da mesma.

Controle dos sintomas dolorosos

O principal objetivo do tratamento medicamentoso em endometriose é o controle dos sintomas dolorosos da doença: cólicas menstruais (dismenorréia), dor durante a relação sexual (dispareunia de profundidade), dor pélvica crônica (dor que tem mais de 6 meses de duração), dor no período ovulatório, dores intestinais ou urinárias cíclicas ou não-cíclicas.

É importante lembrar que o tratamento clínico hormonal não melhora a fertilidade. Desta forma, não há papel deste tipo de tratamento em mulheres que estão em tratamento por infertilidade.

Controle da doença

Apesar de o tratamento clínico poder induzir amenorréia (parada da menstruação) e controlar a sintomatologia dolorosa da doença, o controle do crescimento da endometriose pode não ser obtido com o tratamento medicamentoso. A diminuição do processo inflamatório crônico em virtude do bloqueio menstrual pode, em teoria, ajudar no controle da doença, mas sabemos que a doença pode aumentar de tamanho em decorrência do estímulo hormonal proveniente do ovário, mesmo na ausência de menstruação. Portanto, existem situações em que a doença pode progredir mesmo na vigência de tratamento medicamentoso.

Algumas situações específicas podem ter bom controle com tratamento medicamentoso, tais como pequenos endometriomas (cistos de ovário menores do que 10 a 15mm) e adenomiose inicial (endometriose uterina).

Prevenção secundária da doença

Após o tratamento cirúrgico, a manutenção do tratamento medicamento nas mulheres que não desejam engravidar tem como objetivo principal o controle de sintomas dolorosos persistentes, notadamente aqueles relacionados à menstruação.

No entanto, o uso de medicação hormonal no pós-operatório pode ter um papel na prevenção secundária da doença (diminuir risco de recidiva). A doença que mais pode recidivar após o tratamento cirúrgico é o endometrioma ovariano. Neste caso, o uso de medicamento que bloqueie a ovulação tem papel fundamental na diminuição da recorrência da doença.