E agora, como me relacionar depois anos de dores e inapetência sexual? Por onde devo começar?
Após uma cirurgia bem sucedida é hora de retomar o tempo perdido e voltar à ter uma vida normal. Mas nem sempre é um processo rápido como gostaríamos. Aquelas queixas mais recorrentes antes da cirurgia são fantasmas que podem persistir após o procedimento se não for feito um trabalho de reabilitação.
Quando foi a última vez que teve uma relação sexual sem dor? Como era a vida sexual antes de todos os tratamentos? Alguma vez o sexo foi bom? Estas são as respostas que norteam o trabalho de recuperação física e emocional.
A cirurgia de excisão permite remover a doença profunda e melhorar a dor na penetração profunda, mas a memória da dor pode ainda estar presente. Além disso, precisa identificar se não há dor miofascial, aquela decorrente de uma falta de relaxamento da musculatura da pelve e vagina causada pela dor e pelo medo de sentir dor.
Nesta nova etapa é importante buscar ativamente outras formas de intimidade com o parceiro ou parceira, buscando refazer o vínculo de afeto e carinho. Em alguns casais, o afastamento da intimidade causado pela endometriose, devem trabalhados para uma melhor qualidade de vida sexual. Se a vida conjugal nunca foi boa, a cirurgia é uma oportunidade para mudar isto. E, junto com profissionais da saúde mental este caminho é mais certeiro e com maiores chances de sucesso.
A psicoterapia individual ou do casal é uma importante aliada no tratamento da memória da dor, buscando “apagar” as vias de estímulo de dor que chegam até o cérebro e ajudando a melhorar a receptividade feminina ao sexo.
Para a dor miofascial, a fisioterapeuta auxilia no preparo do assoalho pélvico, reabilitando a função e acabando com os pontos gatilhos de dor. Aprender a relaxar a musculatura da pelve é um ponto importante a ser trabalhado em conjunto com a profissional. Ela(e) fará uma analise pormenorizada, auxiliado pela(o) ginecologista, selecionando os músculos certos e as terapêuticas a serem empregadas.
Na verdade, a relação sexual é muito mais do que um ato físico de penetração. É um importante parâmetro da qualidade de vida global da portadora de endometriose. A cumplicidade e a liberação das emoções, permitem ao casal dar o melhor de cada um, reforçando os laços emocionais. Restaurando a autoconfiança, o caminho está livre para a busca ilimitada pelo prazer do sexo, assim como deve ser de forma natural e fisiológica.