O sangramento intestinal por endometriose é uma manifestação incomum e deve ser considerado como sinal de alerta.
Endometriose é uma doença que afeta de 6-10% de todas em período reprodutivo. Nas suas formas profundas e mais graves, a endometriose pode comprometer o intestinal. Assim, o envolvimento intestinal na endometriose é definido pelo comprometimento da camada muscular e tem incidência estimada de 8 a 12%. Paciente com endometriose intestinal sofrem com dor e sintomas intestinais que incluem disquezia, distensão abdominal, constipação ou diarréia que podem piorar durante o período menstrual, sensação de urgência evacuatória e/ou incompleta e, por fim, sangramento retal. Os segmentos mais comumente comprometidos são reto, sigmóide e válvula ileocecal (área entre porção final do intestino delgado e início do intestino grosso).
O sangramento intestinal por endometriose é uma manifestação bastante incomum e, deve ser considerado um SINAL DE ALERTA para outras doenças que não a endometriose. As causas mais comuns de sangramento intestinal devem ser necessariamente investigadas e afastadas. O sangramento via retal é o achado mais comum de um conjunto de doenças chamadas de doenças orificiais. Neste grupo encontramos a fissural anal, doença hemorroidária e proctite. Além disso, dado ao aumento de incidência de câncer colorretal em indivíduos abaixo dos 40 anos, a presença de sangramento nas fezes deve levantar um sinal de alerta para esse diagnóstico. Outras causas de sangramento intestinal incluem: síndrome da ulceração retal solitária, doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa)
Para a investigação dessas doenças realizamos um exame físico criterioso associado exames laboratoriais e à retossigmoidoscopia flexível ou, mais comumente, colonoscopia. A partir do momento em que excluímos essas causas, passamos a considerar a infiltração da parede intestinal por tecido endometriótico como causa do sangramento. A partir deste momento, dois outros exames passam a ser realizados de forma independente ou complementares: a ultrassonografia endovaginal com preparo intestinal para rastreamento da endometriose e/ou ressonância nuclear magnética (RNM) de pelve com métodos atingindo acurácia superior a 95% para detecção da doença intestinal.
Portanto, devemos sempre estar atentos aos possíveis diagnósticos diferenciais de sangramento intestinal na paciente com endometriose para que evitar tratamentos incompletos ou incorretos.
Tiago J C de Castilho
Cirurgia Oncológica e Minimamente Invasiva – CRM/PR 22590
Titulações
-Graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Maringá
-Cirurgião Geral pela Associação Bom Samaritano de Maringá (MEC)
-Cirurgião Oncológico pelo Hospital Erasto Gaertner (MEC)
-Pós Graduação Cirurgia Minimamente Invasiva pelo Instituto Jaques Perissat (Universidade Positivo)
-Mestrado em Clínica Cirurgica pela Universidade Federal do Paraná
-Livre-Docente da Graduação em Medicina Unicesumar – Maringá
-Preceptor Residência de Cirurgia Oncológica do Hospital do Câncer de Maringá
Instituições
Hospital Maringá – Maringá – PR
Hospital do Câncer de Maringá – PR
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