Não é normal sentir dor no ato sexual. Entenda as causas da dispareunia e a relação com a endometriose.
Um dos principais sintomas da Endometriose é dor relacionada ao ato sexual.
Seja dor durante a relação, na penetração, na profundidade, no orgasmo, cólica e inchaço após o término da relação ou alterações intestinais ou urinárias relacionadas ao sexo.
Enfim, são inúmeros os sintomas que tanto a inflamação quanto as alterações anatômicas provocadas pela endometriose causam na função sexual das portadoras.
Esses sintomas de dor e desconforto geram um impacto negativo direto sobre a sexualidade dessas mulheres, afinal, quem tem vontade e desejo de algo que provoca sofrimento?
Quanto mais dor e incompreensão a portadora de endometriose vive, mais distanciamento ocorre de sua sexualidade. É natural que o corpo desenvolva medidas de proteção contra agentes dolorosos, causando – por exemplo: contraturas de músculos, lembranças negativas e neutralização de respostas naturais como os impulsos sexuais.
Em resumo: não ansiamos por algo que nos machuca. Você se sente empolgada e estimulada a viajar para visitar alguém que não gosta? É exatamente o mesmo raciocínio.
Ter um ato sexual doloroso nos provoca “memórias de dor”. Essa conexão cerebral imediata e inconsciente faz com que a libido caia e que nos afastemos sexualmente mais e mais da parceria e consequentemente de nós mesmas.
A primeira intervenção em uma mulher com a queixa de dor na relação sexual deve ser a resolução da causa da dor, que pode ser multifatorial.
Uma portadora de endometriose pode ter dor no sexo por: ressecamento vaginal causado pelo uso de hormônios, menopausa induzida por cirurgias ovarianas, nódulos de endometriose, aderências pélvicas, contraturas da musculatura do assoalho pélvico, infecções genitais, encurtamento vaginal, alterações anatômicas da vagina e útero dentre outras causas menos frequentes.
A avaliação global da queixa e do quadro clínico da paciente são fundamentais para investigar as causas e definir o tratamento adequado. Uma consulta médica com tempo e espaço para queixas e frustrações, medos e anseios da paciente seguida de exame físico completo são o ponto de partida para a resolução da dor.
Após esse contato, o médico especializado será capaz de direcionar tanto os exames quando os profissionais que auxiliarão essa paciente no processo terapêutico. Cada mulher terá seu tratamento individualizado, ou seja, não há uma única opção que resolverá todo o complexo contexto da sexualidade da portadora de endometriose.
Após a resolução da dor, os outros comemorativos serão abordados ao longo do seguimento terapêutico. Queda da libido, dificuldades para atingir o orgasmo, liberdade sexual, confiança e proximidade à parceria, alterações hormonais, definição do futuro reprodutivo… Essa são algumas das cicatrizes que a dor no sexo geram e que deverão ser abordadas de maneira mais fluidas após a resolução do quadro doloroso.
Portanto, minha mensagem final é: não aceite nenhum tipo de dor ou desconforto relacionado ao ato sexual. Não é normal sentir dor. A sexualidade é uma função vital do nosso organismo e deve ser vivenciada em sua totalidade.