Dúvidas endometriose

A endometriose, a dor pélvica e o médico da dor

Guilherme Karamhttps://www.instagram.com/dr.guilhermekaram/Médico Ginecologista
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O diagnóstico da endometriose deve ser feito o mais rápido possível, para que o tratamento seja iniciado com rapidez, reduzindo as chances do desenvolvimento de dor pélvica crônica.

A endometriose é causada pela implantação e crescimento de um tecido chamado endométrio, que reveste a parte interna do útero, na cavidade pélvica.

Ela atinge cerca de 10 a 15% da população feminina em idade fértil e pode ser a causa da dor em até 64% das pacientes com dor pélvica crônica.

O endométrio implantado fora do útero gera inflamação através da liberação de diversas substâncias inflamatórias que sensibilizam o sistema de dor e geram as dores pélvicas.

Os sintomas da dor vão variar de acordo inicialmente com as estruturas mais acometidas, como por exemplo dores na bexiga para urinar, dores no reto para evacuar, e dores no nervo pudendo. Mas com a progressão da doença a dor vai envolvendo toda a pelve.

Como a endometriose é uma doença inflamatória crônica a persistência do estímulo doloroso sensibiliza nosso sistema nervoso tanto nos nervos periféricos quanto na medula e córtex cerebral piorando e mantendo a sensação de dor. É o que chamamos de sensibilização central.

Outro fenômeno que também ocorre na presença de dor pélvica constante pela inflamação da endometriose são as alterações musculares e posturais na tentativa de aliviar a dor. A musculatura pélvica também fica sensível ao estímulo doloroso se contrai e desenvolve a chamada dor miofascial.  A dor miofascial piora o quadro de dor pélvica. As pacientes adotam uma postura de projeção para frente da pelve ao que chamamos de hiperlordose que sobrecarrega a região lombar gerando dor lombar baixa piorando a dor pélvica.

Os nervos da região pélvica como o pudendo e o genitofemoral também podem ser sensibilizados pela presença da inflamação da endometriose e geram dores do tipo neuropática.

A presença constante da dor limita as atividades diárias, reduz a qualidade de vida e gera quadros de ansiedade e depressão que pioram ainda mais a sensação de dor.

O que começou com uma inflamação vira uma bola de neve cujo resultado é a instalação da dor pélvica crônica.

Fazer o diagnóstico da endometriose o mais precocemente possível e iniciar o tratamento rapidamente reduz as chances do desenvolvimento de dor pélvica crônica.

O Tratamento multidisciplinar apresenta melhores resultados para o controle da endometriose e da dor pélvica crônica.

O médico da dor participa da equipe multidisciplinar e realiza o cuidado da dor crônica através de medicações, bloqueios e implante de eletrodo medular.

 

Lembre-se quem tem dor tem pressa!!!

Dra Cristina Clebis Martins

Medicina da Dor

RQE 19250