Dúvidas endometriose

A endometriose e o tempo: uma condição crônica

Fábio Ramajohttps://www.instagram.com/dr.fabioramajo/Médico Ginecologista
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A endometriose possui uma gama diferente de sintomas. Isto acaba levando a atendimentos em diversas especialidades médicas e diferentes ginecologistas. A busca por uma intervenção satisfatória e definitiva acaba produzindo um recomeço constante.

A endometriose possui uma gama diferente de sintomas.

Isto acaba levando a atendimentos em especialidades médicas diferentes como urologistas, médicos gastro-intestinais, ortopedistas, neurologistas entre outros. Pasmem, em média, as mulheres consultam com 8 ginecologistas à procura de alguém que escute suas queixas e entenda seus sintomas, o que leva a uma peregrinação na busca de um diagnóstico ou uma intervenção satisfatória, que seja definitiva. O recomeço é constante – e sempre vem aquela sensação de que a doença nunca tem fim.

Consultas, exames e cirurgias repetidas mal programadas, podem criar uma doença crônica, pois o diagnóstico fica incompleto e o círculo de busca se refaz. Laparoscopias sem um correto mapeamento geram um tratamento do que está à vista apenas, negligenciando as lesões mais profundas. Como a remoção das lesões não é completa, os procedimentos se repetem, geram sequelas e cicatrizes.

Tá certo, sabemos que a endometriose pode persistir ou retornar enquanto a mulher menstruar, ou seja, enquanto produzir hormônios ovarianos. Por isso é reconhecida como uma doença de caráter crônico. Mas, a partir do fim da vida reprodutiva, a mulher reduz significativamente a chance de ter a doença, e somente em alguns raros casos, ela impõe uma condição mais severa, geralmente relacionada a presença de lesões não tratadas ou sequelas indiretas da doença.

Mas se a mulher que sente dores ou procura ajuda devido à infertilidade, consegue acessar um especialista ou uma equipe multiprofissional que tenha experiência e expertise no manejo da endometriose, as chances de ter um diagnóstico precoce e um tratamento adequado ficam muito maiores. Alguns grupos já trabalham com a ideia de “cura” para reduzir o estigma relacionado com a cronicidade da doença.

O sucesso está no diagnóstico correto e completo, na abordagem clínica efetiva e, em caso de indicação cirúrgica, na excisão completa das lesões com preservação da fertilidade. O trabalho conjunto com nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, acupunturistas e outras terapias complementares ajudam a buscar melhor qualidade de vida. Só assim podemos combater a endometriose e evitar que se torne uma doença crônica.