Dúvidas endometriose

Minha Vida Estressante pode Piorar a Endometriose?

Guilherme Karamhttps://www.instagram.com/dr.guilhermekaram/Médico Ginecologista
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Como o estresse do dia-a-dia impacta na saúde da mulher e colabora para o agravamento das dores, diminuindo progressivamente o desempenho e a produtividade.

Aspectos emocionais relacionados com a endometriose ajudaram a perpetuar o estigma de doença da mulher vulnerável, problemática e emocionalmente frágil. Mas na verdade isso não passa de mais um mito. Pelo contrário, um estudo no maior hospital público de São Paulo observou mais que mais da metade das pacientes possuem alto nível de escolaridade e ocupam altos cargos na hierarquia profissional. Na verdade, até hoje não se tem certeza qual a correta relação causa/efeito, ou seja, se é o estresse que leva a endometriose ou se são os sintomas da endometriose que leva ao estresse. Muito provavelmente seja as duas coisas.

Dados epidemiológicos nos mostram que o estilo de vida das mulheres urbanas é considerado um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Vários aspectos da vida cotidiana das grandes cidades podem ser considerados estressantes, como a carga excessiva de trabalho, a poluição atmosférica e sonorao tempo de deslocamento entre até o trabalho e a pior qualidade da alimentação, que geralmente tende a ser artificial e processada.

Diversos estudos vêm demonstrando associação entre estes fatores e o sistema imunológico através da alteração do equilíbrio hormonal e da resposta inflamatória, culminando com o estresse oxidativo celular. Isso significa, em última análise, progressão da doença e piora dos sintomas. Ainda, a deterioração do quadro clínico pode alimentar este ciclo negativo levando algumas pacientes uma condição de esgotamento físico e mental intenso, conhecida como burnout. Esse fenômeno está intimamente ligado à vida profissional, o que representa um grande fardo para a paciente e para toda sociedade.

Para se ter uma idéia, a falta ao trabalho (absenteísmo) ou a diminuição da produtividade no trabalho (presenteísmo) representam custos até maiores que os gastos diretos com a endometriose no sistema de saúde. Além das perdas profissionais, estudos que abordam o lado psicológico da doença observam que a queda na qualidade de vida esta diretamente associada ao prejuízo das relações interpessoais, dificuldades com a sexualidade, depressão e ansiedade.

Portanto terapias comportamentais como coping, terapias de grupo, psicoterapia e outras terapias complementares como yoga, acupuntura e as técnicas que visam amenizar a dor e ansiedade como meditação e mindfulness, além de exercícios físicos, são intervenções importantes a serem incorporadas no arsenal terapêutico da endometriose.