A FIV deve ser vista como um tratamento individualizado, e a colaboração de uma equipe multidisciplinar como nutrição, fisioterapia, entre outros podem auxiliar no sucesso e aderência ao tratamento.

O diagnóstico da endometriose geralmente vem acompanhado de diversos questionamentos, receios e inseguranças para a mulher. Dentro deste contexto dúvidas sobre infertilidade e a possibilidade de não poder ser mãe e uma das mais frequentes e temidas.

Costumo dizer a todas as minhas pacientes que duas informações devem ser compreendidas pelas mulheres com endometriose. A primeira delas, endometriose e infertilidade não são sinônimos! Apesar de haver uma incidência bastante elevada de dificuldade para engravidar neste grupo de pacientes muitas engravidam espontaneamente com a doença sem necessidade de tratamentos de reprodução assistida. A segunda, se você tem endometriose pertence a um grupo de risco para infertilidade independente de outros fatores e a idade do óvulo, diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para o sucesso nas taxas de gestação. Caso você tenha mais do que 30 anos de idade e ainda não pode, não sabe se quer ou não pretende engravidar nos próximos anos por algum motivo, procure um especialista em reprodução humana e faça uma avaliação de sua reserva ovariana, entre 30 e 35 anos as taxas de sucesso com o congelamento de óvulos são bastante elevadas atualmente, e a idade e sempre o fator mais determinante deste processo.

No universo da reprodução humana 30 a 50% das pacientes com endometriose necessitarão de tratamentos para engravidar, sendo a fertilização in vitro (FIV) geralmente o tratamento mais indicado. Caso você pertença a este grupo de pacientes e fundamental que procure profissionais e serviços confiáveis, realize antes do inicio do tratamento todos os exames necessários para avaliação da reserva ovariana, perfil hormonal e metabólico, presença de outras afecções que podem colaborar com a infertilidade e eventualmente tratados para melhorar os resultados da FIV, mapeamento da endometriose por imagem, avaliação da função e permeabilidade tubária e avaliação do fator masculino. A FIV deve ser vista como um tratamento individualizado, e a colaboração de uma equipe multidisciplinar como nutrição, fisioterapia, psicologia, acupuntura, entre outros podem auxiliar no sucesso e aderência ao tratamento.

Mesmo com FIV e importante lembrar que em alguns casos a endometriose pode afetar a quantidade e qualidade dos óvulos, principalmente em pacientes com acometimento ovariano (endometriomas), as taxas de implantação do embrião e eventualmente a evolução inicial da gravidez, principalmente nas mulheres com adenomiose grave. Desta forma, em alguns casos a discussão sobre a realização de cirurgia antes ou depois do tratamento pode ser importante. Lembrando que dependendo da intensidade da doença, da reserva ovariana e da idade da mulher propõe-se antes da cirurgia a preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos e/ou embriões.

Concluindo, se você tem endometriose e esta se preparando para uma FIV certifique-se de que fez todos os exames necessários, procure fazer uma dieta e suplementação vitamínica adequada e se possível supervisionada por profissionais especializados, estar em sintonia com seu medico e emocionalmente preparada fazem toda a diferença. Lembre-se que muitas vezes pode ser necessário lutar mais de uma vez a mesma batalha para vencer! Se necessário descanse, continue, persista, pois, o resultado certamente valera a pena!

 

Referências Bibliográficas:

• Condutas Praticas em Infertilidade e Reprodução Assistida., 2018
• , 2020
• Practice Committee of the ASRM., 2021
• Guidline Endometriosis ASHRE., 2022